Pátio de Eventos Luiz Lua Gonzaga, com capacidade para 100 mil pessoas, vai receber cerimônia de celebração
A tocha Olímpica Rio 2016 entra nesta segunda-feira (30) em Pernambuco já no clima das festas de São João, que na região Nordeste movimentam as cidades, a economia, o turismo e colocam todo mundo para dançar até o último acorde da sanfona. Caruaru (PE), última cidade desta segunda-feira, e Campina Grande (PB), que recebe o revezamento na próxima quinta-feira (2), “disputam” o lugar de festa junina mais famosa do país. Na cidade pernambucana o evento é chamado de o “Melhor São João do Mundo” e no município paraibano o de “Maior São João do Mundo”. Quem ganha mesmo é quem pode aproveitar as festas.
Este ano, Caruaru deve atrair 1,5 milhão de pessoas entre os dias 4 e 29 junho (Prefeitura de Caruaru/Divulgação)
“Essa comparação começou com os visitantes que aproveitavam as duas festas. O comparativo foi muito salutar para ambas as cidades. Esse olhar das pessoas fez com que cada uma delas buscasse o que tinha de melhor”, comenta Lúcia Lima, presidente da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru.
Este ano, o São João agita a cidade entre os dias 4 e 29 de junho e deve atrair cerca de 1,5 milhão de pessoas. A festa acontece em seis polos espalhados por Caruaru, com eventos diurnos e noturnos, shows de grandes nomes da música brasileira, comidas típicas, cenários que contam a história da região e espaços onde só se toca o típico forró de pé-de-serra.
O principal local dos festejos é o Pátio de Eventos Luiz Lua Gonzaga, que também sediará a cerimônia de celebração da tocha Olímpica com apresentação de quadrilhas, bandas de pífano, bacamarteiros, além dos shows. O espaço tem capacidade para receber cerca de 100 mil pessoas e abriga o Museu do Barro e o Museu do Forró, que é dedicado à memória do Rei do Baião. Entre as relíquias ali guardadas, estão a última roupa e sanfona tocada pela última vez por Gonzaga.
Museu do Forró, dedicado à preservação da memória de Luiz Gonzaga, Rei do Baião e do coração dos nordestinos (Leonardo Rui/Rio 2016)
As comunidades do município também se mobilizam, preparando comidas típicas em tamanho gigante. O desafio, de acordo com Lúcia, está em combinar o tradicional e o moderno. Mas, para ela, é isso o que faz o São João de Caruaru ser o melhor.
“Temos que atender ao público jovem, que pede outros estilos musicais, mas também temos o público que preza pela origem, pelo romantismo. E sabemos que é a eles que devemos esse evento. Montamos um palco com tecnologia de ponta, cenografia e iluminações modernas, mas ali apresentamos à população a tradição da nossa terra. Dentro de um único espaço, temos as duas propostas”, explica Lúcia.
A festa de Caruaru também é conhecida pela “maior fogueira do mundo”. Medindo até 16 metros, ela é acesa todos os anos na véspera do Dia de São Pedro, 29 de junho, em uma celebração marcada por manifestações culturais e religiosas.
Campina Grande também aposta na combinação de inovação e tradição para manter o status de maior São João do Mundo. Este ano, a festa começa em 3 de junho e só termina um mês depois. No entanto, sua dimensão numérica é maior do que a da concorrente.
Em Campina Grande, o São João tem a maior quadrilha do mundo (Prefeitura de Campina Grande/Divulgação)
“Um dos pontos que a faz dela a maior festa junina é o fato de durar 30 dias ininterruptos. Acho que a marca do nosso São João é essa grandiosidade. A festa é descentralizada, acontece tanto no Parque do Povo, que é o ‘quartel general’, quanto em casas de shows privadas. A expectativa é a de que 2 milhões de pessoas circulem pela cidade”, prevê Timóclenes Cabral, coordenador geral do São João.
A consolidação do São João de Campina Grande, segundo ele, aconteceu na década de 1940, com a música de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro e a popularização de ritmos como o baião e o xote. Aos poucos, a festa ganhou proporção nacional e, ao lado do Festival de Parintins e do Círio de Nazaré, está entre os cinco eventos mais populares do país. O São João de Campina Grande também realiza a maior quadrilha do mundo. São doze grupos com 60 casais cada um, o que mobiliza mais de 16 segmentos de trabalho, como coreógrafos, costureiras. “A estrutura é como a dos desfiles de escolas de samba do Rio de Janeiro”, compara.
Timóclenes também considera a disputa entre Campina Grande e Caruaru saudável e aprova o intercâmbio entre as duas festas.
“Embora estejam em estados diferentes, a viagem entre elas dura apenas 1h50 minutos. Já aconteceu de levarmos nosso São João para Caruaru e eles trazerem a festa deles para cá. O que acontece é que se cria um slogan, uma marca apenas. As duas são maravilhosas”, comenta.
Nesta segunda-feira, antes de chegar a Caruaru, a chama Olímpica passou pelas cidades alagoanas de Murici e União dos Palmares, e entra em Pernambuco por Garanhuns e segue para Lajedo antes de Caruaru.
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